Beleza se apresenta no Festival Ocrafolk de 2019. Foto: George Wood

Por Peter Vankevich
Traduzido por Andre Hiltner
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“Beleza, Tudo Beleza.”

“Beleza, Tudo Beleza” é uma saudação local em Salvador, capital do estado nordestino da Bahia, onde cresceu Humberto Oliveira Sales, conhecido como “Berto”.

Beleza é também o nome da sua dupla musical que inclui a esposa, Madeline Holly Sales.

Nos últimos sete eventos, o grupo Beleza se apresentou no Festival Ocrafolk. Este aclamado festival, que começou no ano 2000, acontece em Ocracoke durante o primeiro fim de semana de junho.

Infelizmente, como aconteceu com quase todos os outros festivais de música, o Ocrafolk foi cancelado no ano passado devido à pandemia de COVID-19 que devastou o país causando dificuldades para artistas musicais e decepção para aqueles que amam a música ao vivo.
Com medidas de segurança em vigor, o evento será realizado este ano, de 4 a 6 de junho, no complexo Ocracoke Berkley Manor, com o participação de Beleza, juntamente com uma série de outros artistas e contadores de histórias.

No palco, Berto deslumbra o público com o seu talento na guitarra, enquanto os fantásticos tons vocais de Madeline refletem os ritmos da cultura latina como os autênticos jazz e blues americanos, cantando em português, espanhol e inglês. Os seus sorrisos – atualmente hesito em utilizar a palavra “contagiosos” – fazem com que o público faça parte do show, batendo palmas e cantando junto.

Madeline Holly Sales. Foto: George Wood



Com seu cabelo escuro chamativo, olhos castanhos e um canto magistral em português, muitos podem pensar que Madeline também é brasileira, mas na verdade ela nasceu em Durham e cresceu na Carolina do Norte, Carolina do Sul e, eventualmente, Charlottesville, Virgínia.

“Comecei a ter aulas de piano quando eu tinha cinco anos e foi um treinamento clássico que continuou até o ensino médio, em Charlottesville. Minha última professora de piano era francesa, Madame Duisit”, ela lembra carinhosamente. “Ainda me lembro da sua voz e sotaque carregado, ‘Querida Madeline, você deve treinar’”.

Ambos seus pais eram muito ligados à música e, junto aos seus quatro filhos, cantavam e harmonizavam juntos em longas viagens de carro.

“E assim, cresci cantando em casa, na igreja e na escola, onde fiz um pouco de teatro musical”, disse ela. Na faculdade, Madeline optou por cursar Sociologia e não música na Duke University.

Depois de se formar, ela trabalhou por alguns anos na Nature Conservancy, na região de Washington, D.C.

Então, em 2001, após um convite de um amigo e por capricho, como ela mesmo descreve, ela viajou ao Brasil para conhecer o Carnaval. O Carnaval é um festival que ocorre durante vários dias em todo o país e que tradicionalmente começa na sexta-feira à tarde e vai até a quarta-feira de Cinzas. Essa viagem foi transformadora, já que foi lá que ela conheceu o seu futuro marido, além de descobrir que a música seria o que ela queria fazer da vida.

“Assim que eu cheguei lá, eu disse apenas, ‘O quê? Por que eu não nasci aqui?’ E pensei: ‘Eu vou ter mais responsabilidade na vida, por isso vou me dar um ano no Brasil, estudar música e viver perto do mar”, disse ela.

Depois do retorno para casa, foram necessários seis meses para que ela organizasse as suas coisas e voltasse para o Brasil para começar uma nova vida. Esse um ano se transformou em três em grande parte porque ela conheceu Berto e começou a fazer música com ele.

O casal fazia parte de um quarteto, mas quando o baterista e o baixista não apareciam para os ensaios, eles perceberam a química que havia entre apenas os dois. Quando eles decidiram se apresentar em dupla, tiveram que definir um nome para o grupo e Madeline adorou a saudação “Beleza”. E assim foi decidido. “Enquanto estive lá, estudei harmonia, estilos brasileiros, até mesmo música afro-peruana e comecei a me apresentar cada vez mais, especialmente depois de conhecer Berto”, disse ela.

No Brasil, ela cantou tanto que lesionou suas cordas vocais, o que exigiu tratamento médico.

Ao se recuperar, aprendeu a importância de tratar sua voz como um instrumento e, desde então, ela tem estudado e treinado a voz. Atualmente ela também dá aulas de canto.

Lou Castro (Coyote) toca com Humberto Sales (Beleza). Foto: Peter Vankevich

Berto também cresceu em uma casa de amantes da música e lembra de ouvir, desde muito jovem, os discos de vinil de “choro” de seu pai, um gênero às vezes descrito como o pai do samba e o avô da bossa nova. Além de ouvir as muitas variações da música brasileira, os seus padrinhos, que são da Espanha, o expuseram à música clássica espanhola e, quando tinha por volta de nove ou 10 anos, descobriu a música flamenca que se tornou uma paixão para toda a vida.

A partir dos 10 anos, além da escola, o seu tempo livre foi gasto com uma das duas grandes paixões do Brasil, guitarra ou futebol.

“Eu levava minha guitarra para a escola e tocava sempre que a oportunidade surgia”, disse ele. No ensino fundamental eu já me apresentava tocando música brasileira como samba, bossa nova e axé, além da música clássica espanhola e flamenco. “Na minha cidade natal, Salvador, as influências africanas na música são muito fortes e, ao longo do caminho, aprendi a tocar instrumentos de percussão.”

“Eu levava meu violão para a escola e tocava sempre que surgia a oportunidade”, disse ele. No ensino médio já tocava música brasileira como samba, bossa nova e axé, além de erudito espanhol e flamenco. “Na minha cidade natal, Salvador, as influências musicais africanas são muito fortes e ao longo do caminho comecei a tocar instrumentos de percussão.”

Ele conheceu outros músicos para tocar e eles se interessaram pela música rock and roll da América do Norte.

“Meus amigos diziam, ‘Ei, você toca Pink Floyd?’ E eu dizia, ‘Não, mas me dê o álbum e eu vou aprender’, disse ele. “Então, eu estava apenas aprendendo tudo de ouvido.”

Mas seu coração estava com a música brasileira e espanhola e ele optou pela educação formal, obtendo seu diploma em guitarra clássica e performance na Universidade Federal da Bahia em 1999.

É esta mistura de culturas que explica a variedade de estilos de Beleza – bossa nova, blues, soul, tango e flamenco espanhol – que se pode ouvir em uma de suas apresentações ou álbuns.

No estúdio de gravação e também no palco, às vezes rola um “Beleza e Amigos” em apresentações ao lado do baterista Matt Wyatt, do baixista Dave Berzonsky, do percussionista Eric Gertner e outros.

No Festival Ocrafolk de 2019, o bom amigo Vincent Zorn se juntou a eles com a sua guitarra espanhola. Alguns dias depois, eles se apresentaram durante uma entrevista na WOVV, estação de rádio comunitária de Ocracoke, e visitaram a Coyote Den na Ocracoke’s Community Square para um concerto especial com Marcy Brenner e Lou Castro. Esse desempenho foi particularmente notável pelas talentosas performances de guitarra de Lou e Berto.

Beleza se apresenta ao vivo no WOVV, a estação de rádio comunitária de Ocracoke. Foto: Peter Vankevich

Há um lado mais leve da música deles que pode ser ouvido no álbum “Just for Fun”. Sou fã da grande canção “I wan’na Be Like You” imortalizada por Louie Prima no filme da Disney “Jungle Book”, de 1967. Eu não achava que alguém pudesse reproduzir a música tão fielmente, mas a voz de Madeline faz essa música decolar e percebe-se que ela se diverte ao cantá-la.

Além de apresentações públicas, ambos dão aulas particulares e organizam uma variedade de workshops. Madeline se dedica a workshops de canto, piano e expressão criativa através do som e movimento. Berto dá aulas em uma variedade de classes, como Guitarra Latina, Ritmos Brasileiros e Biomecânica da Guitarra.

A pandemia que continua a abalar o mundo causou muitas mudanças de estilo de vida de todos nós. Para muitos profissionais da música, utilizar o Zoom e outros formatos audiovisuais permitiu que os músicos continuassem a chegar aos seus fãs. Para Beleza, bem, “Nunca estivemos tão ocupados, especialmente com as aulas online”, disse Madeline.

Para contratar as apresentações, solicitar um workshop ou aulas de música com Beleza entre em contato via http://www.belezamusic.com/

Foto: Peter Vankevich

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